sábado, 16 de novembro de 2013

Policial da Força Nacional morre em Rondônia



Lembro-me dos 12 meses que passei em Rondônia e dos 3 meses que fiquei baseado na Floresta Nacional do Bom Futuro, quando minha tropa foi precursora da operação chamada de "Caipora" em 2009, lá na Floresta Nacional do Bom Futuro. Base Saracura, Linha 01, Linha 81, Base Jaci-Paraná (acho que eram essas as bases, se não me falha a memória). Minha primeira medida foi ter "batido de frente", para a melhoria da nossa estrutura logística, entrei direto em contato com o assessor do Ministro do Meio Ambiente, à época Carlos Minc, tendo a operação se estruturado logo após isso. Lembro da primeira noite em um acampamento improvisado, quando a chuva baixou totalmente o moral da tropa, devastando e desabrigando todos nós! Lembro dos FN, especialistas em tudo, que sozinhos montaram toda uma estrutura para suspensão das nossas barracas, para que a chuva finalmente não mais nos alcançasse. Lembro das escalas permanentes, que eu havia implantado com descansos na própria base, tudo para o zelo da nossa segurança e para que o efetivo nunca se dividisse, lembro das apurações que fui submetido sobre a carga-horária das escalas. Lembro do exército nos deixando na mão por diversas vezes, levando embora até a brita para melhorar a lama. Lembro da maldita malária que causou a baixa de parte da minha tropa. Lembro das gotas de hipoclorito na água. Banhos em igarapés, banheiros improvisados. Lembro da quentinha fornecida pelo exército, havia terra na comida, o frango cru e dos almoços e jantas somente com feijão e arroz. Após este fatídico início uma estrutura gigantesca foi montada: geradores, caminhões, barracas, localizadores, antenas de rádio melhores que a da Brigada de Infantaria de Selva do EB, receptores de internet e telefone via satélite, instalados pelo Sistema de Proteção da Amazônia, viaturas com sistema de alerta e monitoramento, até helicóptero baseado permanentemente tínhamos lá, para todo o tipo de deslocamento. Efetivos permanentes da ABIN, do IBAMA e do ICMBio permaneciam conosco no local, passando pelas mesmas coisas. Lembro da minha revolução espiritual, como no filme Na Natureza Selvagem. Membros da alta cúpula do MJ, da SENASP e do DFNSP constantemente nos visitavam e davam suporte. Todos cumpriam seu papel: Cadastramos e notificamos a população para desintrusão da Vila do Rio Pardo e retirada do gado. Houve a lavratura de milhares de reais em multas para proteção ambiental. Houveram confrontos com a população local, mas sem maiores incidentes. Ninguém morreu. Nem de malária, nem de fome, nem de hepatite, nem de pedrada e nem de tiro. Agora estamos em 2013, quase 2014, o que saiu de errado nesta Operação? Quais os motivos que levaram este policial a morrer? Havia estrutura para socorro aéreo ou terrestre até a capital Porto Velho? Houve o empenho adequado de recursos logísticos? O número de militares foi adequado? Havia LEGALIDADE no desenvolvimento desta operação? Havia contato telefônico ou via rádio com a tropa? Os equipamentos eram adequados? Houve tempo para, em Brasília, ser confeccionado um planejamento adequado e pontual para esta operação? Os assessores técnicos da FN foram ouvidos sobre a realização e o desenvolvimento da mesma? Quantos foram antes no local e fizeram ações de reconhecimento, a fim de saber o real ânimo da população? Muitas são as dúvidas, mas o resto exato foi um soldado tombado no exercício de suas atribuições... Que isso sirva de aprendizado, para que erros não se repitam, e para que haja uma verdadeira reflexão; que todos repensem suas atitudes e se elas realmente são as melhores para a instituição que se pertence e principalmente se são as melhores para aqueles que nos pagam o salário, ou seja, o povo brasileiro.

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