sexta-feira, 16 de março de 2018

Caso da Vereadora Marielle Franco


O caso da vereadora Marielle Franco faz emergir uma questão que vem se agravando no dia-a-dia da população fluminense, mas se engana quem crê que o fio condutor da discussão é a morte violenta de mais de seis mil e setecentas pessoas, dentre elas cento e trinta e quatro policiais, apenas no ano passado, trazendo em números a realidade de caos e medo de todos os setores da sociedade civil do Rio de Janeiro. A principal questão é ética, e tem a ver com a perda da capacidade de se indignar do brasileiro, representada por mensagens nas mídias sociais dando conta em diminuir a importância do assassinato de Marielle, face as milhares de mortes sem nenhuma repercussão e sem nenhum resultado investigativo, achincalhando os populares ou os partidários da vereadora, que foram às ruas cobrar providências e resultados efetivos da investigação do caso, dizendo ironicamente: “foi só mais uma que morreu”, “porque não cobram a investigação dos policiais mortos”, “agora vamos re-incluir na sociedade seus assassinos, pois são alvos do meio em que vivem”, dentre outras falácias bizarras e absurdas.
O brasileiro perdeu a capacidade de se indignar e esquece que não se trata em discutir qual a vida mais importante, se a de um simples brasileiro ou de uma autoridade policial ou de uma autoridade legislativa, trata-se, sim, de um símbolo, de uma representante de dezenas de milhares de pessoas que foi abruptamente calada e que deve, ter seu motivo esclarecido e seus envolvidos presos. E devem ser presos obedecendo os preceitos constitucionais e legais do país.
A mobilização entorno do caso de Marielle não tem a ver com partido político, com bandeiras, com orientações, tem a ver com humanidade, com respeito, com dignidade e principalmente com o Estado Democrático de Direito. O brasileiro perdeu a capacidade de se indignar e não entende que a vereadora morta, cala sistematicamente a voz dos mais de quarenta e seis mil cidadãos que a elegeram, cala suas causas, emudece seus direitos e não deve encontrar justificativa em nada. Nada justifica o que aconteceu. Nada justifica os mais de cinquenta e oito mil assassinatos nos últimos dez anos somente no Rio de Janeiro.

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