Lembro em 2002, quando eu li o texto abaixo, que versa sobre os EUA sempre serem alvos de ataques terrorismo. Ele ainda continua extremamente atual. Quem será o culpado desta vez? A Coréia do Norte??
Tradução
da carta enviada ao Presidente dos EUA por Robert Bowan, Bispo da Igreja
Católica da Flórida, Tenente Coronel e ex-combatente no
Vietnã:
"Senhor
Presidente:
Conte a
verdade ao povo, Sr. Presidente, sobre o terrorismo. Se os mitos a respeito
do terrorismo não forem destruídos, então a ameaça
continuará até destruir-nos completamente.
A verdade
é que nenhuma das nossas milhares de armas nucleares podem nos
proteger dessa ameaça. Nem o sistema "guerra nas estrelas"
— não importa quanto tecnicamente avançadas sejam,
nem quantos trilhões de dólares tenham sido gastados com
ele — poderá proteger-nos de uma arma nuclear trazida num
barco, avião ou automóvel alugado. Nem sequer nenhuma
aram de nosso vasto arsenal, nem sequer um centavo dos
duzentos
e setenta bilhões de dólares despendidos por ano no chamado
"sistema de defesa" pode evitar uma bomba terrorista; isso
é um fato militar.
Como tenente-coronel
aposentado e frequente conferencista de assuntos de segurança
nacional, sempre cito o salmo 33 "Um rei não está
a salvo por seu poderoso exército, assim como um guerreiro não
está a salvo por sua enorme força". A reação
óbvia é:
Então,
o que podermos fazer? Não existe nada que possamos fazer para
garantir a segurança do nosso povo?
Existe.
Porém, para entender isso, precisamos saber a verdade sobre a
ameaça.
Sr. Presidente,
o Senhor não contou ao povo americano a verdade sobre o porque
somos alvo do terrorismo, quando explicou porque bombardearíamos
o Afeganistão e o Sudão. O Sr. disse que somos alvo do
terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos
humanos no mundo.
Que absurdo,
Sr. Presidente!
Somos alvo
dos terroristas porque, na maior parte do mundo, o nosso governo defendeu
a ditadura, a escravidão e a exploração humana.
Somos alvo dos terroristas porque somos odiados. E somos odiados porque
nosso governo fez coisas odiosas. Em quantos países agentes do
nosso governo depuseram líderes eleitos por voto popular, substituindo-os
por ditadores militares, marionetes desejosas de vender o seu próprio
povo a corporações multinacionais norte-americanas?
Fizemos
isso no Irã quando os marines e a CIA derrubaram Mossadegh porque
ele tinha a intenção de nacionalizar o petróleo.
E o substituímos pelo Xá Reza Palhevi e armamos, treinamos
e pagamos a sua odiada guarda nacional - a Savak - que escravizou e
embruteceu o povo iraniano para proteger os interesses financeiros das
nossas companhias de petróleo.
Depois
disso, será que é difícil imaginar que existam
no Irã pessoas que nos odeiam?
Fizemos
o mesmo no Chile, fizemos o mesmo no Vietnã, mais recentemente
tentamos fazer a mesma coisa no Iraque. E claro, quantas vezes fizemos
isso na Nicarágua e em outras repúblicas da América
Latina?
Uma vez
após a outra, destituímos líderes populares que
desejavam que as riquezas de suas terras fossem repartidas entre o povo
que as gerou.
Nós
os substituímos por tiranos assassinos que venderiam seu próprio
povo para que, mediante o pagamento de volumosas propinas para engordar
suas contas pessoais, as riquezas de suas próprias terras pudessem
ser tomadas pela Dominó Sugar, pela United Fruit Company, pela
Folgers, e assim por diante.
Em cada
país, o nosso governo obstruiu a democracia, sufocou a liberdade
e pisoteou os direitos humanos. É por isso que somos odiados
no mundo todo. É por isso que somos o alvo dos terroristas. O
povo do Canadá desfruta da democracia, da liberdade e dos direitos
humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia. O Sr. já
ouviu falar que as embaixadas canadenses, norueguesas e suecas tenham
sido bombardeadas?
Nós
não somos odiados porque praticamos a democracia, a liberdade
ou os direitos humanos. Somos odiados porque o nosso governo nega essas
coisas aos povos dos países do terceiro mundo, cujos recursos
são cobiçados pelas nossas corporações multinacionais.
Esse ódio
que semeamos se voltou contra nós para assombrar-nos, na forma
de terrorismo e, no futuro, terrorismo nuclear. Uma vez dita a verdade
sobre porque existe a ameaça e uma vez entendida, a solução
se torna óbvia.
Precisamos
mudar nossos costumes. Livrar-nos de nossas armas nucleares (unilateralmente,
se necessário) e a nossa segurança melhorará. Alterando
drasticamente nossa política externa a assegurará. Em
vez de enviar nossos filhos e filhas no mundo todo para matar árabes
de modo que possamos ter o petróleo que existe sob suas areias,
deveríamos mandá-los reconstruir suas infra-estruturas,
fornecer-lhes água limpa e alimentar seus filhos famintos.
Ao invés
de continuar matando diariamente milhares de crianças iraquianas
com nossas sanções econômicas, deveríamos
ajudar os iraquianos a reconstruir suas usinas elétricas, suas
estações de tratamento de água, seus hospitais
e todas as outras coisas que destruímos e que impedimos que reconstruam
com as sanções econômicas.
Em vez
de treinar terroristas e esquadrões da morte, deveríamos
fechar a Escola das Américas.
Em vez
de apoiar as revoltas, a desestabilização, o assassinato
e o terror em todo o mundo, deveríamos abolir a CIA e dar o dinheiro
que ela consome a agências de assistência.
Resumindo,
deveríamos ser bons em vez de maus. Quem iria tentar nos deter?
Quem nos odiaria? Quem desejaria nos bombardear?
Essa é
a verdade, Sr. Presidente.
Isso é
o que o povo norte-americano precisa escutar.
(Robert
Bowan voou em 101 missões de combate no Vietnã. Atualmente
é bispo da United Catholic Church em Melbourne Beach, Flórida).
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