terça-feira, 16 de abril de 2013

E mais uma vez os EUA alvo de terrorismo

Lembro em 2002, quando eu li o texto abaixo, que versa sobre os EUA sempre serem alvos de ataques terrorismo. Ele ainda continua extremamente atual. Quem será o culpado desta vez? A Coréia do Norte??

Tradução da carta enviada ao Presidente dos EUA por Robert Bowan, Bispo da Igreja Católica da Flórida, Tenente Coronel e ex-combatente no Vietnã:

"Senhor Presidente:
Conte a verdade ao povo, Sr. Presidente, sobre o terrorismo. Se os mitos a respeito do terrorismo não forem destruídos, então a ameaça continuará até destruir-nos completamente.
A verdade é que nenhuma das nossas milhares de armas nucleares podem nos proteger dessa ameaça. Nem o sistema "guerra nas estrelas" — não importa quanto tecnicamente avançadas sejam, nem quantos trilhões de dólares tenham sido gastados com ele — poderá proteger-nos de uma arma nuclear trazida num barco, avião ou automóvel alugado. Nem sequer nenhuma aram de nosso vasto arsenal, nem sequer um centavo dos
duzentos e setenta bilhões de dólares despendidos por ano no chamado "sistema de defesa" pode evitar uma bomba terrorista; isso é um fato militar.
Como tenente-coronel aposentado e frequente conferencista de assuntos de segurança nacional, sempre cito o salmo 33 "Um rei não está a salvo por seu poderoso exército, assim como um guerreiro não está a salvo por sua enorme força". A reação óbvia é:
Então, o que podermos fazer? Não existe nada que possamos fazer para garantir a segurança do nosso povo?
Existe. Porém, para entender isso, precisamos saber a verdade sobre a ameaça.
Sr. Presidente, o Senhor não contou ao povo americano a verdade sobre o porque somos alvo do terrorismo, quando explicou porque bombardearíamos o Afeganistão e o Sudão. O Sr. disse que somos alvo do terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos humanos no mundo.
Que absurdo, Sr. Presidente!
Somos alvo dos terroristas porque, na maior parte do mundo, o nosso governo defendeu a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvo dos terroristas porque somos odiados. E somos odiados porque nosso governo fez coisas odiosas. Em quantos países agentes do nosso governo depuseram líderes eleitos por voto popular, substituindo-os por ditadores militares, marionetes desejosas de vender o seu próprio povo a corporações multinacionais norte-americanas?
Fizemos isso no Irã quando os marines e a CIA derrubaram Mossadegh porque ele tinha a intenção de nacionalizar o petróleo. E o substituímos pelo Xá Reza Palhevi e armamos, treinamos e pagamos a sua odiada guarda nacional - a Savak - que escravizou e embruteceu o povo iraniano para proteger os interesses financeiros das nossas companhias de petróleo.
Depois disso, será que é difícil imaginar que existam no Irã pessoas que nos odeiam?
Fizemos o mesmo no Chile, fizemos o mesmo no Vietnã, mais recentemente tentamos fazer a mesma coisa no Iraque. E claro, quantas vezes fizemos isso na Nicarágua e em outras repúblicas da América Latina?
Uma vez após a outra, destituímos líderes populares que desejavam que as riquezas de suas terras fossem repartidas entre o povo que as gerou.
Nós os substituímos por tiranos assassinos que venderiam seu próprio povo para que, mediante o pagamento de volumosas propinas para engordar suas contas pessoais, as riquezas de suas próprias terras pudessem ser tomadas pela Dominó Sugar, pela United Fruit Company, pela Folgers, e assim por diante.
Em cada país, o nosso governo obstruiu a democracia, sufocou a liberdade e pisoteou os direitos humanos. É por isso que somos odiados no mundo todo. É por isso que somos o alvo dos terroristas. O povo do Canadá desfruta da democracia, da liberdade e dos direitos humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia. O Sr. já ouviu falar que as embaixadas canadenses, norueguesas e suecas tenham sido bombardeadas?
Nós não somos odiados porque praticamos a democracia, a liberdade ou os direitos humanos. Somos odiados porque o nosso governo nega essas coisas aos povos dos países do terceiro mundo, cujos recursos são cobiçados pelas nossas corporações multinacionais.
Esse ódio que semeamos se voltou contra nós para assombrar-nos, na forma de terrorismo e, no futuro, terrorismo nuclear. Uma vez dita a verdade sobre porque existe a ameaça e uma vez entendida, a solução se torna óbvia.
Precisamos mudar nossos costumes. Livrar-nos de nossas armas nucleares (unilateralmente, se necessário) e a nossa segurança melhorará. Alterando drasticamente nossa política externa a assegurará. Em vez de enviar nossos filhos e filhas no mundo todo para matar árabes de modo que possamos ter o petróleo que existe sob suas areias, deveríamos mandá-los reconstruir suas infra-estruturas, fornecer-lhes água limpa e alimentar seus filhos famintos.
Ao invés de continuar matando diariamente milhares de crianças iraquianas com nossas sanções econômicas, deveríamos ajudar os iraquianos a reconstruir suas usinas elétricas, suas estações de tratamento de água, seus hospitais e todas as outras coisas que destruímos e que impedimos que reconstruam com as sanções econômicas.
Em vez de treinar terroristas e esquadrões da morte, deveríamos fechar a Escola das Américas.
Em vez de apoiar as revoltas, a desestabilização, o assassinato e o terror em todo o mundo, deveríamos abolir a CIA e dar o dinheiro que ela consome a agências de assistência.
Resumindo, deveríamos ser bons em vez de maus. Quem iria tentar nos deter? Quem nos odiaria? Quem desejaria nos bombardear?
Essa é a verdade, Sr. Presidente.
Isso é o que o povo norte-americano precisa escutar. 

(Robert Bowan voou em 101 missões de combate no Vietnã. Atualmente é bispo da United Catholic Church em Melbourne Beach, Flórida).

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